REFORMA PSICOLÓGICA

domingo, 12 de abril de 2020

GESTÃO DEMOCRÁTICA E SUA INVERSÃO


Por: Rogério de Camargo


A princípio, o que levou a escola municipal Hélio Walter Bevilacqua – estabelecida na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo – a uma “Gestão Democrática” foi precisamente a reclamação dos alunos, apoiados pelos seus pais e ouvido pela coordenação da escola a respeito da retomada da sala de leitura. Esse foi o ponto crucial. Os alunos incentivaram a volta da biblioteca na escola juntamente com a colaboração dos pais.
Para esse, para que haja cada vez mais uma “Gestão Democrática” nas instituições escolares devia primeiramente excluir as obrigações. Pois, se há uma obrigação a ser cumprida, portanto, não existe “Democracia”. Logo, como diria Simone Weil: “um direito não é algo que exista em si, é apenas o efeito da obrigação”.
Se referindo a ideia de Democracia, Olavo de Carvalho disse:


Proclamar um direito sem definir o titular da obrigação correspondente é cuspir bolhas de sabão, é fingimento histérico. Foi por isso que Deus ditou a Moisés Dez Mandamentos, dez obrigações, não dez direitos. Mas, quando o Rei Luís XVI disse que A Declaração dos Direitos do Homem nada seria sem uma Declaração dos Deveres, cortaram-lhe a cabeça. A democracia começou tomando uma consequência como princípio e matando quem percebesse a inversão.
Um direito não é algo que exista em si, é apenas o efeito da obrigação.[1]


Com relação a frase a seguir retirada da página “A Folha” que diz: “Um dos maiores desafios é tornar o sistema escolar compatível com as necessidades da população.” Bem, esse, sabe muito bem quais são as necessidades da população e, a principal necessidade é de que as escolas juntamente com o Estado devam parar de nos empurrar goela abaixo o que devemos estudar, pois, se de fato querem que vivemos num país Democrático, portanto, a educação deve ser livre e não controlado pelo “aparelhamento estatal”.[2]
Ademais, deve-se aplicar ensinamentos que desinibam o aprendizado das crianças e não ensinamentos que inibam o seu desenvolvimento intelectual[3], logo, é inegável a incapacidade do Estado com relação a educação, para isso, basta analisar os índices de reprovação em massa(!) e a colocação dos nossos jovens no PISA.[4]
Em virtude dos fatos mencionados, a pergunta que paira no ar é: vocês realmente sabem do que estão falando?



[2] Flávio Gordon analisando o que a filósofa Hannah Arendt diz sobre Antônio Gramisc ele diz: Numa profunda reflexão sobre a crise educacional dos anos 1950, a filósofa Hannah Arendt aborda justamente o processo pelo qual, em suas palavras, a educação transformou-se em instrumento da politica ao mesmo tempo que a própria atividade politica foi concebida como uma forma de educação. Arendt aponta Jean-Jacques Rousseau como o patriarca dessa confusão entre política e educação. A partir de Rousseau – que, não por acaso, Robespierre qualificou certa vez de “professor da humanidade” –, a política vem assumindo ares cada vez mais pedagógicos. “Não se deve abandonar as luzes e aos preconceitos dos pais a educação de seus filhos” – escreve o filósofo genebrino – “pois ela importa ao Estado mais que aos pais. O Estado permanece, e a família perece”. Gordon, Flávio. A Corrupção da Inteligência: intelectuais e poder no Brasil ∕ Flávio Gordon. - 10° ed. – Rio de Janeiro: Record, p. 89, 2019.
[4] Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA. Cf. a posição do Brasil no PISA: https://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/especial-publicitario/eleva-educacao/noticia/como-tirar-o-brasil-dos-ultimos-lugares-no-ranking-de-educacao.ghtml acessado no dia 13.10.2019.

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