Por:
Rogério de Camargo
A princípio,
o que levou a escola municipal Hélio Walter Bevilacqua – estabelecida na cidade
de São José dos Campos, interior de São Paulo – a uma “Gestão Democrática” foi
precisamente a reclamação dos alunos, apoiados pelos seus pais e ouvido pela
coordenação da escola a respeito da retomada da sala de leitura. Esse foi o
ponto crucial. Os alunos incentivaram a volta da biblioteca na escola
juntamente com a colaboração dos pais.
Para
esse, para que haja cada vez mais uma “Gestão Democrática” nas instituições
escolares devia primeiramente excluir as obrigações. Pois, se há uma obrigação
a ser cumprida, portanto, não existe “Democracia”. Logo, como diria Simone Weil:
“um direito não é algo que exista em si, é apenas o efeito da obrigação”.
Se referindo
a ideia de Democracia, Olavo de Carvalho disse:
Proclamar um direito sem definir o titular da obrigação correspondente é cuspir bolhas de sabão, é fingimento histérico. Foi por isso que Deus ditou a Moisés Dez Mandamentos, dez obrigações, não dez direitos. Mas, quando o Rei Luís XVI disse que A Declaração dos Direitos do Homem nada seria sem uma Declaração dos Deveres, cortaram-lhe a cabeça. A democracia começou tomando uma consequência como princípio e matando quem percebesse a inversão.
Um direito não é algo que exista em si, é apenas o efeito da obrigação.[1]
Com relação
a frase a seguir retirada da página “A Folha” que diz: “Um dos maiores desafios
é tornar o sistema escolar compatível com as necessidades da população.” Bem, esse,
sabe muito bem quais são as necessidades da população e, a principal
necessidade é de que as escolas juntamente com o Estado devam parar de nos
empurrar goela abaixo o que devemos estudar, pois, se de fato querem que
vivemos num país Democrático, portanto, a educação deve ser livre e não
controlado pelo “aparelhamento estatal”.[2]
Ademais,
deve-se aplicar ensinamentos que desinibam o aprendizado das crianças e não
ensinamentos que inibam o seu desenvolvimento intelectual[3],
logo, é inegável a incapacidade do Estado com relação a educação, para isso,
basta analisar os índices de reprovação em massa(!) e a colocação dos nossos
jovens no PISA.[4]
Em virtude
dos fatos mencionados, a pergunta que paira no ar é: vocês realmente sabem do
que estão falando?
[1]
Cf. http://olavodecarvalho.org/ilusoes-democraticas-i/
acessado no dia 13.10.2019.
[2] Flávio Gordon analisando o que a
filósofa Hannah Arendt diz sobre Antônio Gramisc ele diz: Numa profunda
reflexão sobre a crise educacional dos anos 1950, a filósofa Hannah Arendt
aborda justamente o processo pelo qual, em suas palavras, a educação
transformou-se em instrumento da politica ao mesmo tempo que a própria
atividade politica foi concebida como uma forma de educação. Arendt aponta
Jean-Jacques Rousseau como o patriarca dessa confusão entre política e educação.
A partir de Rousseau – que, não por acaso, Robespierre qualificou certa vez de “professor
da humanidade” –, a política vem assumindo ares cada vez mais pedagógicos. “Não
se deve abandonar as luzes e aos preconceitos dos pais a educação de seus
filhos” – escreve o filósofo genebrino – “pois ela importa ao Estado mais que
aos pais. O Estado permanece, e a família perece”. Gordon, Flávio. A Corrupção
da Inteligência: intelectuais e poder no Brasil ∕ Flávio Gordon. - 10° ed. –
Rio de Janeiro: Record, p. 89, 2019.
[3]Cf.
https://news.stanford.edu/2015/05/28/reading-brain-phonics-052815/
acessado no dia 13.10.2019.
[4]
Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA. Cf. a posição do Brasil
no PISA: https://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/especial-publicitario/eleva-educacao/noticia/como-tirar-o-brasil-dos-ultimos-lugares-no-ranking-de-educacao.ghtml
acessado no dia 13.10.2019.
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