Por Rogério de Camargo.
A princípio, para que de fato possa
existir uma transmissão de conhecimento de verdade o método interdisciplinar
deve ser descartado para os anos iniciais, pois, esse método, se quer,
encontra-se na BNCC – Base Nacional Comum Curricular – isso já é motivo
suficiente para não ser utilizado.
Igualmente, é o fato de que, esse método
não passa de uma utopia, pois, se até mesmo os professores pouco conhecem a
respeito do que eles ensinam quem dirá fragmentar o ensino em um método interdisciplinar
(?).
Um método de ensino deve ser sistemático
onde o professor procura abranger vários pontos até o limite do seu
conhecimento. Claro que, ao ensinar sobre o domínio Bolchvique na província de Kiev,
Ucrânia, na década de 1920, ele (o professor), não estará tratando unicamente
sobre história, mas também sobre Geografia e Política. Entretanto, o assunto
primordial naquele momento será o contexto histórico.
Com relação à interdisciplinaridade,
veremos o que o Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) e professor da Universidade Federal de São Maria (UFSM), Ronai
Rocha, tem a dizer a respeito em seu livro:
Existem também críticas não apenas
aos resultados pontuais, mas à metodologia e a algumas características da
proposta. A proposta que temos é o trabalho isolado de grupos de especialistas
nas diversas áreas e não há sinais de uma etapa de trabalho no qual ao menos as
áreas sejam submetidas a uma integração. Para que o leitor entenda: se o grupo
de Língua Portuguesa coloca como objetivos de primeira série do nível médio que
o aluno seja capaz de identificar a estrutura de um argumento, espera-se, que o
grupo de Filosofia ofereça esses elementos em sua proposta para a mesma série.
Não há esse tipo de trabalho na Base Curricular que está em discussão. Nela ,
por assim dizer, as disciplinas não conversam entre si, o que seria de se
esperar em um país cujas leis educacionais insistem em louvar a
interdisciplinaridade. Não houve trabalho interdisciplinar na elaboração da
Base e só isso seria suficiente para algum ceticismo quanto aos resultados a
que chegaremos.
Bom, o resultado que chegaremos
mencionado pelo professor Ronai Rocha, é o mesmo colhido durante algumas
décadas, é só consultar os resultados do ENEM (Exame
Nacional do Ensino Médio) e PISA (Programa
Internacional de Avaliação de Estudante), através dessas consultas é possível
compreender onde é que o ensino interdisciplinar tem chegado.
Vejamos o que mais o
professor Ronai Rocha tem a dizer a respeito da interdisciplinaridade:
Fica evidente que
os esforços educacionais de elaboração de currículos de tipo integrado ou
interdisciplinar somente fazem sentido na medida em que assumimos que existem
diferenças relevantes entre domínio de conhecimento e experiência e que existem
formas de correlação, redes conceituais de relações entre os domínios. Não há
teoria curricular interdisciplinar sem uma epistemologia das variedades do
conhecimento. Isso nos leva de volta a um truísmo. Não importa a forma como as
intenções e as praticas educacionais se apresentam, progressistas ou
tradicionais, elas se vêem às voltas com a tarefa de explicar seus objetivos,
pois, ao fim e ao cabo, o estudante precisa ter o domínio de “certas formas
fundamentais de métodos públicos de experiência, compreensão e conhecimento”.
Ou seja, a teoria
interdisciplinar vai diretamente contra o pensamento progressista de Paulo
Freire, pois, o mesmo dizia que, não há saber mais ou saber menos: há saberes
diferente. Essa frase é atribuída a ele, porém, esse, não encontrou essa fala
nos seus dois livros principais, id. est.,
Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia. Essa frase foi encontrada num
livro chamado “Peregrinações: os Garros[1], letos[2]
em Ijuí[3] -
Página 63, Valentim Garros – 2002” .
Por fim, conclui-se que, a
interdisciplinaridade não passa de um método fraudulento e verossímil e o
resultado esperado por esse método é possível de ser identificado nas péssimas
formações dos nossos jovens.
REFERÊNCIAS:
ROCHA, Ronai. Quando Ninguém Educa: questionando
Paulo Freire, Pág., 24, 64. São Paulo: Contexto, 2017
[1]
É o mesmo que doença, leproso, sarnento.
[2] Língua
indo-europeia, do grupo linguístico báltico, falada na Letônia; lético.
[3] Ijuí é uma Cidade do
noroeste do rio grande do sul, nome de origem indígena da região. Esse nome
significa rio das águas grandes. Anteriormente grafado como ijuhy