REFORMA PSICOLÓGICA

domingo, 12 de abril de 2020

LUMPEMPROLETARIADO

Por Rogério de Camargo.



É impressionando como a cabeça dos (pseudos)intelectuais dessa era (século XXI) funciona – se é que de fato deve funciona. Logo, onde já se viu querer colocar o menor infrator ou (como o professor Ricardo Chiquito, que carinhosamente nesse texto, esse, lhe referirá apenas pelo seu sobrenome, Chiquito, diz) menor que comete atos infracionais – a alteração dos termos não muda o que o menor cometeu que foi a infração, como está bem explicito na “SEÇÃO V, Da Apuração de Ato Infracional” no Estatuto da Criança e do Adolescente e em seus respectivos Artigos – como vítimas da sociedade. Vale ressaltar aqui que, o sr. Chiquito não chama esses jovens de vítimas da sociedade, porém, ele não nos deixa claro o que ele pensa a respeito, apenas diz que devemos romper com essa visão estigmatizada.[1] Entretanto, antes mesmo do sr. Chiquito querer utilizar a criminalização cometida por esses menores como justificativa para seja lá o que for, intelectuais consagrados da esquerda política, id est., intelectuais marxistas que tinham como objetivo a implantação duma nova cultura na sociedade através da mudança de comportamento, já falavam e escreviam a esse respeito, e esses “infratores” – sendo um pouco eufemista, é claro! – eram chamados de “Lumpemproletariado”. Vejam o que diz o escritor Flavio Gordon a esse respeito:




A influência de Marcuse — desta feita por meio de seu segundo grande livro, O homem unidimensional (1964) — teve um outro efeito de crucial importância, sentido em todo o mundo, mas de maneira particularmente aguda no Brasil. Graças ao seu pensamento, como também ao gramscismo, a substituição do alvo da esquerda — saíam a economia capitalista e a classe burguesa, entravam a família monogâmica e a moralidade judaico-cristã — fez-se acompanhar de uma mudança do agente histórico da revolução: saíam o proletariado urbano e, um pouco depois, o campesinato (este último resistindo até os últimos espasmos da teoria do foco guerrilheiro); entravam os intelectuais (via Gramsci) e, em seguida, o lumpemproletariado (via Marcuse), aquele mesmo que Marx tanto desprezara, formado pelos que vivem à margem da sociedade — mendigos, prostitutas, travestis, ladrões, traficantes, desajustados e rebeldes em geral.[2]



O Lumpemproletariado ou Lumpenproletariat (do Alemão) também é mencionado pelo filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, confere:


(...) Dentre as muitas mixagens, uma particularmente interessante foi a que fundiu a estratégia comunista – até aí fundamentalmente proletária e camponesa, ao menos no nome – com as heresias de Herbert Marcuse, segundo o qual proletários e camponeses tinham-se integrado ao "sistema" e a revolução não tinha outros representantes autorizados senão os estudantes e intelectuais, de um lado, e, de outro, a massa dos miseráveis e marginalizados, o vasto Lumpenproletariat, do qual o velho Karl Marx aconselhava que os militantes comunistas fugissem como se foge de um assaltante à mão armada. (...)[3]


Portanto, é notório saber que essa prática de querer justificar o infrator seja ele menor ou não é uma pratica política que há décadas já vinha sendo pensada por esses intelectuais, porém, para o velho Marx o lumpemproletariado era uma espécie de empecilho para os proletários, já para os neomarxistas eles eram e ainda são um pretexto valido.

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[1] CHIQUITO, Ricardo – U.E. Práticas Pedagógicas com Diferentes Sujeitos em Formação e em Diferentes Espaços Educacionais. A Educação e as Crianças e Adolescentes em Conflito com a Lei, p. 41.
[2] GORDON, Flávio – A corrupção da inteligência, p. 207 - 1. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2017.
[3] CARVALHO, Olavo. A Nova Era e a Revolução Cultural, Fritjof Capra e Antonio Gramsci, 4° edição, revista e muito mais, Vide Editorial, p. 75.

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